Em Harvard, líder de projeto apoiado pela BrazilFoundation apresenta tecnologia pioneira de construção de habitações populares.

3 de março de 2008 • Publicado em Sem categoria

Rio de Janeiro, 3 de março de 2008

No último dia 3 de março, na sede da BrazilFoundation em Nova York, o engenheiro Oswaldo Setti falou sobre o trabalho da Ação Moradia, organização localizada na cidade mineira de Uberlândia, fundada e dirigida por ele e apoiada pela BrazilFoundation. A instituição vem fazendo um trabalho inovador que oferece acesso a moradias de baixo custo a famílias da periferia da cidade, através de uma tecnologia de fabricação de tijolos e construção de casas populares em regime de mutirão.

Oswaldo chegara de Boston, onde foi convidado a falar na Bridge Builders Conference, realizada na Universidade de Harvard (John F. Kennedy School of Government).  Em Harvard, Oswaldo conheceu acadêmicos e outros participantes que realizam trabalhos na área da habitação. Oswaldo propôs parcerias futuras com a Academia para a realização de pesquisas que permitam desenvolver novas tecnologias e materiais para a construção de moradias de baixo custo. Segundo ele, com mais pesquisa seria possível reduzir ainda mais os custos de construção de moradias nas comunidades pobres em todo o mundo (hoje as casas populares construídas pela Ação Moradia já custam 30% a menos do que as casas populares tradicionais).

Após uma breve introdução sobre o seu trabalho na Ação Moradia, Oswaldo apresentou ao público de Nova York alguns slides e fotografias, abrindo espaço em seguida para perguntas. Ele explicou que a construção de cada casa é o resultado de um processo que pode levar até um ano e meio. Durante este período, a Ação Moradia realiza reuniões freqüentes com as famílias participantes do programa habitacional, onde são ensinadas, entre outras tecnologias, técnicas de produção dos tijolos ecológicos com que as casas são construídas, fabricados sem queima de combustível.

Nas palavras de Oswaldo, o plano de ação da ONG vem sendo decidido de forma participativa, de acordo com as demandas dos moradores, o que vem resultando na ampliação dos serviços da Ação Moradia, que hoje inclui alfabetização de adultos e inclusão digital. “É parte da nossa filosofia dar à comunidade os meios para atingirem os seus próprios objetivos”, explicou.

Para ele, os serviços que sua organização oferece geram uma melhoria qualitativa na vida das famílias, o que não pode ser expresso em números. Como são as próprias famílias do programa que constroem suas casas, com quase nenhum recurso, elas são envolvidas emocionalmente no processo. O resgate da dignidade dessas pessoas se reflete na reconstrução da identidade e auto-estima.

Oswaldo citou o exemplo de uma mãe que passou a prestar mais atenção à saúde e higiene dos seus filhos após participar do processo de construção de casas. Ele reconheceu que o apoio dado pela BrazilFoundation à Ação Moradia foi de grande valor não somente para ampliar os serviços oferecidos, mas também para permitir que a metodologia de construção de casas fosse compartilhada com outras instituições e reaplicada em outras comunidades brasileiras, onde famílias de baixa renda sofrem com a falta de conhecimento que lhes permitam ter condições dignas de vida.